quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Midiatização

A informação hoje em dia é algo impressionante, estando no Brasil podemos ver o que está acontecendo no Japão neste exato momento. A internet e a televisão revolucionaram o mundo, e por isso que passamos por esta terceira revolução industrial - a da informação -, e este é o motivo também pelo qual criei este blog, para que outras pessoas possam ler as minhas reflexões e poderem interagir livremente sobre diversos assuntos.
Uma das importantes invenções desta revolução da informação, a televisão, é presente na vida de uma grande parte da população brasileira. Quando ligo este aparelho, e mais precisamente ligo-o em algum noticiário, é constante as notícias ruins e as boas, por sua vez, são ocultadas. Mas é interessante por que a televisão choca tanto as pessoas com as suas informações devastadoras, eles simplesmente a enaltecem. Quando vemos cenas de guerra, nos chocaremos com uma criança ou um idoso enfermo, ou com um soldado morto? Obviamente o que irá nos pesar a mente será justamente aquele no qual se encontra em uma situação mais precária, ou seja, a criança e o idoso enfermo. Este fenômeno denomina-se "midiatização", ou seja, uma forma com a qual a mídia consegue fazer parecer pior aquilo que já está ruim.
O motivo deste fenômeno é justamente aquilo que corrompe a mente das pessoas: o dinheiro. Não entendam que eu esteja aqui promovendo o marxismo, pelo contrário eu sou um adepto do capitalismo. O capital corrompe pelo simples motivo que eu citei em minhas reflexões abaixo - A vontade de potência. Aqueles que não possuem boa índole irão usar o dinheiro apenas para locupletarem a si mesmos, e quanto mais o possuem, mais irão querer.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

A vontade de felicidade

A busca pela felicidade e o bem-estar é constante em nossas vidas, algo que muitos almejam de diferentes formas. Entretanto, essa caminhada rumo a uma vida feliz pode ter alguns empecilhos, muitas vezes crônicos. Uma desilusão amorosa, um emprego perdido, uma pessoa querida que já não se encontra no mundo onde vivemos, tudo isso contribui para alguns traumas que impedem um indivíduo de se tornar feliz.
A vida consiste em apego e desapego. Muitos temem essa mística que gira em torno do apego com o pensamento de que caso alguma pessoa querida – uma esposa, um filho, um pai, irmão, etc... - faleça, nunca mais se verão. O cristianismo tem uma solução fácil para esse problema, ambos voltarão a se ver em um plano mais elevado que a própria vida, onde ambos serão puramente espirituais e que viverão felizes eternamente. Esse pensamento ilusório é uma forma na qual as pessoas acham uma maneira de se conformarem de que o que acabou pode e vai voltar no “reino dos céus”. Contudo, mesmo que o indivíduo viva uma vida antagônica à religião e a todos os aspectos religiosos, não é plausível que desfrute de sua vida de uma forma na qual não irá ter nenhuma relação inter-pessoal com nenhum outro ser humano. O apego faz parte de nossas vidas, e está presente em sentimentos como o amor e a amizade. Essas sensações podem ser ao mesmo tempo puras e falsas, a primeira hipótese que traz o sentimento puro como foco, é um dos mais lindos da natureza humana, entretanto também o mais perigoso, pois caso não haja o amor mútuo a segunda hipótese mencionada entra em questão, o sentimento falso é aquele que desencadeará os piores sentimentos, como a mágoa, solidão e raiva. Essas emoções despertam nos seres humanos os sentimentos mais primitivos – a violência – ou uma perda de credibilidade nas pessoas, ou seja, um trauma de se envolver com outrem.
Constantes perdas foi o que influenciou os maiores poetas da história, como Luís Vaz de Camões, que apesar de não basear toda a sua poesia rondando em torno da morte de sua amada, ele escreveu um soneto sublime o qual mostrarei abaixo:

“Alma minha gentil,que te partiste
Tão cedo desta vida ,descontente
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo ,onde subiste
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste
E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa sem remédio de perder-te
Roga a Deus ,que teus anos encurtou
Que tão cedo de cá me leve a ver-te
Quão cedo de meus olhos te levou.”


Este soneto explicita o pior sentimento de todos – a saudade – de uma forma harmônica e tocante. Na última estrofe é presente o dualismo platônico à respeito do “reino dos céus”, algo que iludia Camões de que algum dia veria a pureza dos olhos de sua companheira novamente. E o trauma é presente na primeira estrofe na qual ele expressa a tristeza crônica que terá durante o restante de seus dias, enquanto a sua amada estaria no céu repousando.
Essa tristeza que acabava com a vida de Camões, e o que o inspirava a compor os mais belos poemas, é algo que deve inexistir na vida de alguém. O apego é necessário para encontrar a felicidade, assim como a religião pode deixar alguém feliz de uma forma falsa e ilusória, a filosofia também o pode, todavia de uma forma coerente e consciente na qual o medo da morte será inexistente, o apego será constante e a vida, por sua vez, será feliz. Viver consistindo sua existência no desapego é uma forma egoísta para com os outros seres humanos e para consigo mesmo, isso faz com que um indivíduo de grande potencial não evolua e muito menos viva de uma forma feliz.
A busca pela felicidade deve ser consciente, para ser feliz deve-se aceitar a vida como ela é, assim como Nietzsche falava do seu “Amor Fati”(amor ao destino), como um meio de aceitar a vida como ela é, mesmo com todas as enfermidades e reviravoltas da vida. A sociedade é mascarada hoje, e o que atrai as pessoas é justamente aquilo que não existe, que é ilusório. O falso predomina sobre o verdadeiro, e a qualidade é substituída por aquilo que não existe, pelo menos da forma como é explicitada.
Quebrar essa barreira que existe entre o trauma e a vida feliz é um passo muito grande na vida de um indivíduo, que passou por várias reviravoltas amorosas e afetivas em sua vida, portanto deve ser de uma forma minuciosa. Essa desconfiança acontece justamente pela busca da felicidade por parte de outrem, para uns felicidade é ser promiscuo, para outros é viver com uma só pessoa. Afinal, o que é ser feliz? Se felicidade consiste em ficar bem e amar a sua vida e não trocá-la por nada, então a felicidade para Hitler era criar uma hegemonia da raça ariana, para Lênin o bem-estar era implantar o socialismo em todo o mundo e para os cristãos felicidade é viver esperando o dia do juízo final e amar incondicionalmente um líder (Cristo) que ninguém sabe se realmente foi o tal altruísta benevolente outrora expressado na Bíblia Sagrada. Felicidade para muitos é seguir os padrões estipulados pela sociedade, o que proporciona uma alegria ilusória, e para outra camada de pessoas a felicidade consiste em quebrar esses padrões, caso de Hitler. Ambos tipos estão distorcidos, o primeiro causa uma alegria que não será realmente verdadeira, pelo simples fato de ser estipulado por outras pessoas e não por você mesmo, e o segundo propicia as maiores atrocidades, feito por pessoas que se consideram revolucionários.
Ser feliz é viver sem se importar com essas barreiras criadas pela sociedade, entretanto de uma forma que não seja insana e lunática. É procurar sempre o que lhe deixará bem, e criar os seus próprios padrões pensando no seu bem e no de outras pessoas relacionadas a você. Lutar pelos seus ideais é necessário, não se deixar levar por esse “espírito de rebanho” presente no mundo contemporâneo também.

domingo, 23 de dezembro de 2007

Vontade de potência

Hoje em dia está cada vez mais escasso o número de pessoas que não julgam outrem pela aparência. Um indivíduo que possui uma boa formação é julgado pela sua aparência e não pelo seu currículo. O materialismo dos últimos séculos tem corrompido a sociedade, que por sua vez, é um aglomerado de pessoas cuja ideologia é a de rebanho. A humanidade desviou-se de sua meta inerente – a da salvação – e hoje baseia a sua vida na tão comentada vontade de potência que Nietzsche tanto alertou. Nesta sociedade o homem que mais tem dinheiro é o mais valorizado, mas na verdade quem deveria ser valorizado é aquele que melhor contribui intelectualmente.
Nós vivemos em um país cujo presidente tem menos grau de escolaridade que um garoto de doze anos, mas mesmo assim o povo o elegeu, pois era um trabalhador. Engraçado mencionar que o cidadão Luís Inácio da Silva seja um trabalhador; usando esse adjetivo dá a entender que o resto não é, mas os verdadeiros trabalhadores são aqueles que influenciam no intelecto das pessoas, como um filósofo ou um escritor. Entretanto, não é de se menosprezar um torneiro mecânico, ou um industriário ou qualquer outro tipo de trabalhador braçal, pois eles possuem uma grande contribuição para a economia mundial. O que eu quero dizer é que o trabalhador braçal – se não possui estudo – continue a contribuir dessa forma, todavia se o mesmo quisesse estudar, seria de muito mais valia para o Estado, pois contribuiria intelectualmente.
A sociedade utópica de Platão, cujo Estado seria governado por filósofos, é ao que me refiro: um lugar onde a intelectualidade é enaltecida e os valores de potência transmutados. Dizer que algumas camadas da população não podem votar seria uma grosseria contra a democracia, mas por outro lado é fato que muitos votam em troca de souvenires, e a proposta do candidato, por sua vez, é ignorada. É triste que alguns indivíduos tenham que pagar caro pela ignorância de outros.
Há também a sociedade de Karl Marx e Friedrich Engels, o tão comentado comunismo. Esse que visa acabar com a propriedade privada e nivelar a economia igualmente entre todas as camadas da população. A intenção é muito boa, pois nos permite sonhar em trabalhar no que quisermos. Já o capitalismo não nos dá essa oportunidade, o sujeito terá de trabalhar onde está o capital, onde o lucro é mais rápido, nos lugares em que o dinheiro é mais facilmente adquirido. Isso influencia no trabalho da pessoa e por isso que nos impede de desenvolver-nos intelectualmente. O capitalismo é como a Igreja da Idade Média, que impedia intelectuais como Pascal e Galileu Galilei de desenvolverem suas teorias, e matava indivíduos como Copérnico. Já o capitalismo não é tão pífio, mas mesmo assim não deixa que um sujeito desenvolva a área desejada, e sim aquela que lhe trará o capital, aquela em que lucrará. Essa vontade de potência é que caracteriza a sociedade contemporânea, os valores que até então eram cultivados, hoje são distorcidos pelo materialismo. As pessoas perderam seu foco principal, por isso o capitalismo triunfou sobre o comunismo, e também é o motivo pelo qual fez o comunismo fracassar. É impossível impor em uma sociedade individualista uma idéia como a igualdade financeira, na qual todos repartiriam e ninguém teria uma propriedade privada.Por outro lado, o comunismo lhe tira o direito de ir e vir, como aconteceu nos países em que foi empregado, e também faz desaparecer aquele ímpeto saudável de competição nas pessoas, o que seria muito ruim para o desenvolvimento. O capitalismo já proporciona essa vontade de superação.
Dizem que a lei do mais forte não existe mais desde a pré-história. Não poderia ser mais falso. Não há a lei do mais forte, no sentido literal do conceito, no entanto, figuradamente, não há nada mais presente e intrínseco à vida capitalista. No Brasil, político poderoso não vai pra cadeia, não deixa de ser rico e não perde poder, muito menos seus direitos e, infelizmente, é o reflexo da política brasileira. É bom que analisemos o caráter dos políticos brasileiros. É o maior exemplo que posso citar de vontade de potência. Quando estão em campanha é um sorriso aqui, um aperto de mão acolá, todavia quando isso cessa, tratam o cidadão com desdém, como se fosse um ser inferior. Ah, esses políticos, tão ricos e, no entanto, tão pobres. Na hora que precisam do voto são os indivíduos mais honestos e fazem propostas que chegam a ser utópicas, entretanto quando assumem o cargo só usam o cargo de maneira a se locupletarem. É como diria Nietzsche: “há homens que nascem póstumos”.
Quem muito alertou da vontade de potência foi Nietzsche, com seu jeito aforismático de ser. Esse que foi um dos maiores gênios que a humanidade já teve. O homem que matou Deus, que criticava fortemente as pessoas com “espírito de rebanho”, era o grande inimigo da igreja no século XIX. Há religiosos que afirmem que Nietzsche vivia enfermo justamente por criticar o Todo Poderoso. Mas ele só abriu os olhos de muitas pessoas, e mostrou o quão deplorável é o cristianismo. Uma religião que matou milhares de pessoas por causas pífias não deve ser respeitada por ninguém, aquela que incentiva o aglomerado de pessoas ignorantes perante idéias distorcidas dos ensinamentos do altruísta Jesus Cristo, este, que segundo Nietzsche, foi o único cristão que existiu. Jesus que pregou o amor ao próximo e quebrou valores hierárquicos e sociais, tornando-se o primeiro indivíduo que alegava ser Messias sem ter o apoio do governo. Não há problema em criar uma doutrina que incentive o altruísmo, entretanto o cristianismo tornou essa idéia um dualismo platônico. O religioso vive sua vida pensando no “reino dos céus”, e esquece o presente. O cristão vive na escuridão da ignorância que fora pregada durante séculos.
A vontade de potência do cristianismo chegou a tal ponto que as ações triunfavam sobre a razão, na qual a igreja é que possuía a verdade,criando assim um monopólio da razão. Hoje encontramos o cristianismo como uma religião decadente em busca de novos adeptos, um que seja ignorante e cego perante a sujeira homérica do cristianismo. O altruísmo é pregado de uma forma hipócrita. A igreja, especialmente a católica, é representada por pedófilos, que quebram o voto de castidade. Como alguém que abusa sexualmente de crianças pode ter moral para falar de altruísmo? Não há como. E o engraçado é que há milhões de pessoas que seguem a sua palavra.O cristianismo nunca existiu em massa, o seu objetivo perdeu-se para sempre na cruz junto com Jesus. A idéia de existir um salvador é ultrapassada, hoje vivemos em um mundo tecnológico, no qual a ciência destruiu os paradigmas (como o sistema geocêntrico na Idade Média) até então incontestáveis.
O mundo evolui, e o problema da vontade de potência de algumas nações dificulta esse processo. Como em pleno século XXI, no qual a não-violência é pregada de forma abundante, pode ainda haver guerras por regiões? Não há resposta conivente. O mundo é um reduto hipócrita, onde poucos se salvam. E ainda há guerras religiosas. Se a religião prega o amor ao próximo, como pode existir uma guerra de caráter religioso? É uma hipocrisia. Um conflito que dura milhares de anos, e ainda eles tem a audácia de denominá-la de santa.
Portanto, estamos de acordo que a vontade de potência é o que caracteriza o homem atual, o objetivo da salvação foi substituído pela mesma. A meta inerente de uma pessoa deve ser aquela na qual lhe trará alegria, a filosofia auxilia um indivíduo a buscar a salvação através dela, de uma forma análoga à religião. O medo da morte e do porvir é superado, e a vontade de potência é transmutada por outra vontade: a da felicidade.